Afinal de contas, perguntam-se: a) como posso ter vivido antes, se não tenho lembranças de nada; b) Como posso responder por atos de outras pessoas que viveram no passado; c) Como pode alguém que está no “céu” ou no “inferno”, portanto, estando “eleita” ou “condenada”, voltar a habitar o planeta?
Para o entendimento da maioria (das religiões tradicionais ou pessoas materialistas), a chance é única e está em duas opções: a) Morreu, acabou! b) Morreu, ou vai para o céu ou para o inferno.
Porém, consideremos os seguintes aspectos (considere que o leitor não é obrigado a aceitar, mas convido-o a refletir comigo):
1) Céu e inferno são estados conscienciais, mas não lugares determinados;
2) Não há sentido viver se tudo se acaba com a morte;
As duas opções (“céu/inferno” e “morreu acabou”) são incompatíveis com a justiça e bondade de Deus e também incoerentes com o dinamismo da vida humana. Sendo Pai amoroso e bom não criaria filhos para entregá-los em definitivo ao sofrimento ou ao aniquilamento total. Podemos aceitar Deus com um ser caprichoso e parcial?
Considere, porém, que vivemos muitas existências (a mesma individualidade ocupando corpos diferentes) com o único objetivo de progredir, aprender, crescer intelectual e moralmente. Considere ainda que o esquecimento do passado é benção de Deus, apagando temporariamente a memória comprometida do passado para iniciarmos nova jornada e corrigirmos os próprios caminhos. É absurda tal teoria?
É exatamente pela multiplicidade de experiências que observamos tantos extremos nas individualidades humanas. Cada um está colhendo o que plantou para si mesmo. É até uma questão de justiça, que amadurece e cria méritos, na reparação ou no caminho reto.
Na verdade, somos criaturas milenares. Já vivemos múltiplas existências. Estamos colhendo a semeadura do passado e plantando a colheita do futuro. E (que sabedoria) ao mesmo tempo, aprendendo, amadurecendo, progredindo. Deus é bom e oferece a cada filho a oportunidade de construir a própria felicidade! O leitor concorda em pensar sobre isso?
AUTOR: Orson Carrara
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