Fábio José Lourenço Bezerra
Os resultados da pesquisa da psicóloga norte americana Helen Wambach trouxeram evidências, bastante fortes, da existência da reencarnação. Muito difíceis de serem contestadas pelos céticos. Esta pesquisa e seus resultados foram publicados em dois excelentes livros: “Recordando Vidas Passadas” (1978) e “Vida Antes da Vida” (1982).
Realizando regressões de memória a vidas passadas em grupo (ela não levava em conta regressões individuais na sua pesquisa), coletou cerca de 1.100 relatórios de lembranças de existências pretéritas das pessoas que participaram de sua pesquisa. Este relatório teve como base um questionário sobre diversos dados que poderiam ser, posteriormente, avaliados, comparando-os com o conhecimento histórico existente. Dados como vestuário, clima, moradia, raça, sexo, circunstâncias de vida, paisagem, além de outros.
Dando um tratamento estatístico ao grande conjunto de dados coletados, obteve resultados bastante interessantes:
a) Quantidade de dados historicamente divergentes insignificante: dos 1.100 relatórios, apenas 11 possuíam diferenças em relação aos dados históricos disponíveis oficialmente. Mesmo nos indivíduos que regrediram à épocas que pouco, ou de nenhuma forma, foram retratadas em filmes, documentários, livros ou outros veículos de comunicação, que poderiam influenciar as suas lembranças, os detalhes de suas informações coincidiam com os dados históricos. Ou seja, apesar de vários indivíduos desconhecerem, nessa vida, detalhes de vestuário, utensílios domésticos, moradia, etc., em épocas da história cujos detalhes só podem ser obtidos através de uma minuciosa pesquisa, eles apareceram em suas lembranças durante as regressões.
b) Ausência de lembranças como personagens históricos famosos ou importantes, bem como de situações que refletiriam desejos dos participantes: praticamente em todos os relatórios não apareceram lembranças como pessoas famosas ou importantes do passado, e na maior parte deles as vidas eram de pobreza, dificuldade, sofrimento, de frequente cansaço e monotonia. Vidas de pessoas comuns às épocas das quais lembraram, como camponeses, escravos, artesãos, etc. Era de se esperar que, caso fossem fantasias dos participantes, suas vidas refletiriam seus desejos, como de fama, riqueza e poder.
c) O número de renascimentos coincidiram, proporcionalmente, com o número da população em todas as épocas relembradas: Em cada época e localização geográfica, os renascimentos coincidiram com as tendências do crescimento da população. Ao ser analisado estatisticamente, o crescimento populacional nas regressões era o mesmo da história.
Isto é, quando um maior número de participantes lembrava ter vivido em determinada época e lugar, isso coincidia, proporcionalmente, com os dados históricos sobre a quantidade de pessoas que viveram nessa época e lugar. O mesmo ocorreu em épocas e locais que apresentaram menos vidas dos participantes. Isto era de se esperar se as lembranças das vidas passadas fossem reais.
d) O número de reencarnações em ambos os sexos se mostrou igual na totalidade dos relatórios: Conforme Helen Wambach: “Refleti que eu precisava, pelo menos, de um fato biológico acerca do passado que me facultasse a conferência dos meus indícios. Eu sabia que em qualquer fase pretérita, mais ou menos a metade da população era masculina e a outra metade, feminina. Decidi verificar cada período de tempo e determinar quantas regressões tinham redundado em vidas masculinas e quantas tinham resultados em vidas femininas.
d) O número de reencarnações em ambos os sexos se mostrou igual na totalidade dos relatórios: Conforme Helen Wambach: “Refleti que eu precisava, pelo menos, de um fato biológico acerca do passado que me facultasse a conferência dos meus indícios. Eu sabia que em qualquer fase pretérita, mais ou menos a metade da população era masculina e a outra metade, feminina. Decidi verificar cada período de tempo e determinar quantas regressões tinham redundado em vidas masculinas e quantas tinham resultados em vidas femininas.
Se a rememoração de existências passadas fosse mera fantasia, seria de esperar que preponderassem as masculinas: os estudos mostram que o cidadão comum, em se lhe oferecendo a possibilidade de escolher, optaria por viver como homem.
Contra a probabilidade de que a fantasia produziria maior número de sujeitos masculinos, havia o fato de que 78% dos meus sujeitos no primeiro grupo de seminários eram mulheres.
Seria acaso possível que as mulheres preferissem ser mulheres numa vida pregressa?
Assim sendo, muitos imponderáveis gravitavam em torno da questão do sexo que seria escolhido numa vida passada.
Não obstante(...) meus dados são concludentes. Sem levar em consideração o sexo que têm na vida atual, ao regressar ao passado, meus sujeitos se dividiram precisa e uniformemente em 50,3% de homens e 49,7% de mulheres. Muito interessante é o fato de que muitos dados coincidem com o que nos ensinaram os Espíritos Superiores durante a codificação do Espiritismo. Leiamos:
a) Possibilidade de escolha do renascimento: dos 1.100 casos analisados, na maior parte deles, os indivíduos aceitaram voluntariamente seu nascimento. Perto de 81% dos participantes pesquisados decidiram voltar a terra e apenas 19% foram forçados. Muitos deles só aceitaram vir reclamando e outros só aceitaram após serem orientados por Espíritos planejadores ou aconselhadores;
Na pergunta Nº 258 de "O Livro dos Espíritos", temos: "Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena?"
Resposta: “Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio.”
Na pergunta Nº 262: "Como pode o Espírito, que, em sua origem, é simples, ignorante e carecido de experiência, escolher uma existência com conhecimento de causa e ser responsável por essa escolha?"
Resposta: “Deus lhe supre a inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir, como fazeis com a criancinha. Deixa-o, porém, pouco a pouco, à medida que o seu livre-arbítrio se desenvolve, senhor de proceder à escolha e só então é que muitas vezes lhe acontece extraviar-se, tomando o mau caminho, por desatender os conselhos dos bons Espíritos. A isso é que se pode chamar a queda do homem.”
a) — "Quando o Espírito goza do livre-arbítrio, a escolha da existência corporal dependerá sempre exclusivamente de sua vontade, ou essa existência lhe pode ser imposta, como expiação, pela vontade de Deus?"
Resposta: “Deus sabe esperar, não apressa a expiação. Todavia, pode impor certa existência a um Espírito, quando este, pela sua inferioridade ou má vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil, e quando vê que tal existência servirá para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo em que lhe sirva de expiação.”
Na pergunta Nº 335: "Cabe ao Espírito a escolha do corpo em que encarne, ou somente a do gênero de vida que lhe sirva de prova?"
Resposta: “Pode também escolher o corpo, porquanto as imperfeições que este apresente ainda serão, para o Espírito, provas que lhe auxiliarão o progresso, se vencer os obstáculos que lhe oponha. Nem sempre, porém, lhe é permitida a escolha do seu invólucro corpóreo; mas, simplesmente, a faculdade de pedir que seja tal ou qual.”
Na pergunta Nº 244 b) — Deus transmite diretamente a ordem ao Espírito, ou por intermédio de outros Espíritos?
Resposta: “Ela não lhe vem direta de Deus. Para se comunicar com Deus, é-lhe necessário ser digno disso. Deus lhe transmite suas ordens por intermédio dos Espíritos imediatamente superiores em perfeição e instrução.”
b) Motivo do renascimento: dentre vários outros motivos, os mais comuns foram:
• Terminar tarefas não concluídas;
• Corrigir erros cometidos;
• Despertar aptidões e evoluir espiritualmente;
• Superar limites, romper barreiras e limitações;
• Obter conhecimentos superiores;
• Aprender a amar sem sentimento de posse ou apegos;
• Superar medos, Desenvolver a humildade, amar a mãe e os irmãos, desfazer-se de certas ilusões, além de outros motivos.
Na pergunta Nº 132: "Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?"
Resposta: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”
Na pergunta Nº 264: “ Que é o que dirige o Espírito na escolha das provas que queira sofrer?”
Resposta: “Ele escolhe, de acordo com a natureza de suas faltas, as que o levem à expiação destas e a progredir mais depressa. Uns, portanto, impõem a si mesmos uma vida de misérias e privações, objetivando suportá-las com coragem; outros preferem experimentar as tentações da riqueza e do poder, muito mais perigosas, pelos abusos e má aplicação a que podem dar lugar, pelas paixões inferiores que uma e outros desenvolvem; muitos, finalmente, se decidem a experimentar suas forças nas lutas que terão de sustentar em contacto com o vício.”
c) escolha da época do renascimento: A maior parte dos que participaram da pesquisa, 51%, disseram ter escolhido nascer na segunda metade do século XX, pois essa época tinha grande potencial de crescimento espiritual; um período de mudança na consciência dos homens. Como exemplos do que os próprios participantes disseram sobre isso: “Será uma época de grande expansão da consciência”; “Os espíritos mais avançados estão nascendo”; “é uma época de grande esclarecimento”; “é o início de uma idade de ouro”; “a consciência atingirá novas alturas”; “Este período de tempo está aberto ao crescimento espiritual”. Muitas outras lembranças coincidiram com estas.
d) Escolha do sexo: 24% não escolheram o sexo com o qual reencarnariam, ou disseram que isso não tinha muita importância; 76% afirmaram que o sexo era importante nas atividades que teriam de executar. Perto de 33% destes escolheram reencarnar como mulheres porque queriam ter filhos. Vejamos alguns exemplos: “escolhi ser homem pela minha mulher. Entrei nesta vida para ajudar minha esposa a resolver um problema e ela tinha escolhido ser mulher.”; “escolhi o sexo masculino pela facilidade do homem em participar do esforço científico e desejava, nesta vida, participar da revolução cientifica do século XX.”; “escolhi o sexo feminino para fazer as pessoas felizes com mais facilidade.”
Na pergunta Nº 201: "Em nova existência, pode o Espírito que animou o corpo de um homem animar o de uma mulher e vice-versa?"
Resposta: “Decerto; são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as mulheres.”
Na pergunta Nº 202: Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher?
Resposta: “Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar.”
Comentário de Allan Kardec: "Os Espíritos encarnam como homens ou como mulheres, porque não têm sexo.
Visto que lhes cumpre progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhes proporciona provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de ganharem experiência. Aquele que só como homem encarnasse só saberia o que sabem os homens."
e) Presença de parentes e amigos: 87% disseram que já conheciam muitos parentes e amigos de outras vidas e 13% disseram que não, ou que não sabiam dizer.
Dos 87% que disseram sim, pôde-se chegar a algumas conclusões. Segundo Wambach: “houve impressionante variação nos relacionamentos configurados. Pais, nesta vida, tinham sido amantes no passado; mães tinham vindo como irmãos, amigas, irmãs, filhos. Mães na vida atual tinham vindo como pais, amigos, irmãos, irmãs, filhos. Nada havia de totalmente consistente na maneira pela qual as pessoas, nesta existência, se relacionavam em vidas passadas.”
Na pergunta Nº 205: “A algumas pessoas a doutrina da reencarnação se afigura destruidora dos laços de família, com o fazê-los anteriores à existência atual.”
Resposta: “Ela os distende; não os destrói. Fundando-se o parentesco em afeições anteriores, menos precários são os laços existentes entre os membros de uma mesma família. Essa doutrina amplia os deveres da fraternidade, porquanto, no vosso vizinho, ou no vosso servo, pode achar-se um Espírito a quem tenhais estado presos pelos laços da consangüinidade.”
No livro “Vida e Sexo”, psicografado por Francisco Cândido Xavier, ditado pelo Espírito Emmanuel - item 2 – Família, lemos: “... A parentela no Planeta faz-se filtro da família espiritual sediada além da existência física, mantendo os laços preexistentes entre aqueles que lhe comungam o clima.
Arraigada nas vidas passadas de todos aqueles que a compõem, a família terrestre é formada, assim, de agentes diversos, porquanto nela se reencontram, comumente, afetos e desafetos, amigos e inimigos, para os ajustes e reajustes indispensáveis , ante as leis do destino. Apesar disso, importa reconhecer que o clã familiar evolve incessantemente para mais amplos conceitos de vivencia coletiva, sob os ditames do aperfeiçoamento geral, conquanto se erija sempre em educandário valioso da alma, temos dessa forma, no instituto doméstico uma organização de origem divina, em cujo seio encontramos os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento para a edificação do Mundo Melhor.”
f) Ligação da alma ao novo corpo: Em 750 casos, 89% não se ligaram ao feto, de nenhuma forma, até depois dos seis meses de gestação”. Contudo, praticamente todos disseram ter plena consciência dos sentimentos da mãe, antes e durante o parto, possivelmente por telepatia. 33% disseram ter se unido ao feto durante o parto ou pouco tempo antes. Dessa forma, na maior parte do período de gravidez, as pessoas não se sentiam parte integrante do feto, contudo estavam existindo separado destes.
Na pergunta Nº 344: "Em que momento a alma se une ao corpo?"
f) Ligação da alma ao novo corpo: Em 750 casos, 89% não se ligaram ao feto, de nenhuma forma, até depois dos seis meses de gestação”. Contudo, praticamente todos disseram ter plena consciência dos sentimentos da mãe, antes e durante o parto, possivelmente por telepatia. 33% disseram ter se unido ao feto durante o parto ou pouco tempo antes. Dessa forma, na maior parte do período de gravidez, as pessoas não se sentiam parte integrante do feto, contudo estavam existindo separado destes.
Na pergunta Nº 344: "Em que momento a alma se une ao corpo?"
Resposta: “A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento (grifo nosso). Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico,que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz (grifo nosso). O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus.”
É preciso levar em conta que, quando relembra suas vidas passadas, o Espírito expressa apenas seu ponto de vista. Assim, pode estar ligado ao corpo desde a concepção, mas só perceber essa ligação quando ela está mais forte, ou seja, no final da gestação. Tanto é que o Espírito sente a conexão com sua mãe desde bem antes do parto. Provavelmente foi isso que se deu na pesquisa.
g) As sensações durante o nascimento: Foi grande a quantidade de participantes que sentiram tristeza e melancolia durante o nascimento. Não que fossem os eventos físicos do processo de parto que traziam esses sentimentos, mas, ao que tudo indica, a maior fonte era psicológica. Muitos derramaram lágrimas durante a lembrança do nascimento. A tristeza eram causada, em sua maior parte, à expectativa das dificuldades que viriam durante a vida que se iniciava, aos resgates que teriam de sofrer, e à limitação do corpo físico em relação ao corpo espiritual. Sofriam por deixar a plena, leve, pacífica e sublime vida no mundo espiritual. Some-se a isso as sensações, relatadas por muitos, quando da entrada no mundo físico e a passagem pelo canal de parto, atormentadoras e por demais desagradáveis. Segundo Wambach: “A criança recém-nascida sente-se desligada, diminuída e sozinha, quando comparada à sua situação no intervalo entre as vidas”.
Na pergunta Nº 339: "No momento de encarnar, o Espírito sofre perturbação semelhante à que experimenta ao desencarnar?"
Resposta: “Muito maior e sobretudo mais longa. Pela morte, o Espírito sai da escravidão; pelo nascimento, entra para ela.”
Na pergunta Nº 340: "É solene para o Espírito o instante da sua encarnação? Pratica ele esse ato considerando-o grande e importante?"
Resposta: “Procede como o viajante que embarca para uma travessia perigosa e que não sabe se encontrará ou não a morte nas ondas que se decide a afrontar.”
Comentário de Allan Kardec: "O viajante que embarca sabe a que perigo se lança, mas não sabe se naufragará. O mesmo se dá com o Espírito: conhece o gênero das provas a que se submete, mas não sabe se sucumbirá. Assim como, para o Espírito, a morte do corpo é uma espécie de renascimento, a reencarnação é uma espécie de morte, ou antes, de exílio, de clausura. Ele deixa o mundo dos Espíritos pelo mundo corporal, como o homem deixa este mundo por aquele. Sabe que reencarnará, como o homem sabe que morrerá. Mas, como este com relação à morte, o Espírito só no instante supremo, quando chegou o momento predestinado, tem consciência de que vai reencarnar. Então, qual do homem em agonia, dele se apodera a perturbação, que se prolonga até que a nova existência se ache positivamente encetada. À aproximação do momento de reencarnar, sente uma espécie de agonia."
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. FEB. Versão digital por: L. NEILMORIS © 2007;
WAMBACH, Helen. Recordando vidas passadas. Ed.Pensamento .[1978]; AUTOR: PLANETA AZUL
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