Esses espíritos são capazes de fazer inúmeras coisas que, do ponto de vista material, seriam impossíveis. Mas fazem. E, em alguns casos, mesmo sem ter a intenção, assustam, causam pânico e terror, além de prejudicar os outros.
Há uns 30 anos, houve um caso estarrecedor, em uma cidade do interior paulista, envolvendo espíritos brincalhões. Só que, naquela ocasião, as brincadeiras já estavam passando dos limites e causando problemas a uma família inteira.
Pelo pouco que me lembro desse caso, tratava-se de uma família de classe média, que vivia em uma modesta casa. A família era composta pelo pai, pela mãe, por uma adolescente de seus 14 anos e mais duas crianças entre 7 e 10 anos.
Os fenômenos começaram repentinamente. Coisas desapareciam e depois surgiam em lugares completamente absurdos, como, por exemplo, dentro da geladeira!
Às vezes, os espíritos causavam ruídos perturbadores, impedindo que as pessoas da casa pudessem dormir em paz.
No início, foi tudo assim, mas, com o passar do tempo, os espíritos tornaram-se mais agressivos e a família toda entrou em pânico.
A mãe, em uma certa tarde, havia terminado de passar a roupa e levou as peças dos filhos para guardar no armário. Foi ela sair do quarto, sentiu um cheiro de queimado. Quando voltou, viu que só as peças de roupa da filha mais velha, a de 14 anos, estavam queimando. De acordo com ela, “a roupa queimava como quando a gente toca fogo em uma esponja de aço, dessas de se lavar louça”. As roupas da garota de 14 anos estavam no meio das outras peças, que nada sofreram. Nem chamuscadas ficaram! Esse fenômeno é conhecido como parapirogeniae tem ligação com o espiritismo, sim.
Alguns dias depois, aconteceu a mesma coisa: as roupas da filha de 14 anos voltaram a se queimar, espontaneamente, da mesma forma.
Os pais estavam acreditando que aquilo pudesse ser traquinagem dos filhos menores, que, talvez, se sentissem enciumados, já que a menina de 14 anos tinha alguns privilégios que os outros não tinham, como poder voltar mais tarde da rua para casa. Então, a mãe decidiu vigiar as crianças com mais rigor, a fim de ver do que eles costumavam brincar.
Só que uma vez as três crianças estavam na frente de casa quando ocorreu novamente o fenômeno da parapirogenia, e sempre danificando algumas peças de roupa da filha mais velha.
Afastada a hipótese de ser traquinagem das crianças, os pais ficaram realmente preocupados e decidiram procurar um padre e contar o que estava acontecendo. O sacerdote, imediatamente, dirigiu-se à casa da família, benzeu-a e assegurou que, a partir daquele dia, eles poderiam ficar em paz.
Em paz que nada! Foi a partir da visita do padre à casa que os fenômenos intensificaram-se.
Pedras atravessavam o telhado e caíam na sala, sempre a poucos centímetros de alguém. Nunca, em nenhuma ocasião, alguém foi ferido. Depois, facas e garfos atravessavam a casa voando, indo na direção do pai ou da mãe, mas sem feri-los em momento algum.
Dessa vez, a menina de 14 anos não foi vítima nem das pedras nem dos talheres, fato que deixou a todos mais perturbados ainda.
A família, muito assustada, se reuniu e todos decidiram que o melhor seria mudar daquela casa, ir morar em algum lugar bem longe dali.
E foi o que fizeram. Alugaram outra casa, mais modesta ainda, em uma cidadezinha próxima, de modo que o pai pudesse continuar no seu atual emprego.
Durante um tempo, os fenômenos cessaram. Todos já estavam respirando aliviados quando tudo voltou a acontecer.
A mãe estava fazendo o almoço. No fogão, havia uma panela com arroz e outra com feijão. Ela ouviu um ruído no lado de fora da casa e foi verificar. Quando voltou e abriu a tampa da panela de arroz encontrou uma nota de um cruzeiro enrolada. Voltou a pensar que pudesse ser “coisa das crianças”. Chamou os filhos, que estavam se trocando para ir à escola, mas eles juraram que não haviam chegado nem perto da cozinha.
As crianças almoçaram, foram para a escola e a mãe continuou fazendo comida, pois logo o marido chegaria do serviço para almoçar. Foi aí que a mulher ouviu, novamente, um ruído estranho no quintal. Como estava sozinha, ficou com medo e trancou rapidamente a porta da cozinha. Foi para a sala e viu que a porta estava devidamente trancada. Ao voltar para a cozinha, notou que a panela do feijão estava destampada. Dentro havia várias cédulas de um cruzeiro misturadas ao feijão. A pobre mulher deu um grito de desespero, destrancou rapidamente a porta da cozinha e saiu, gritando, pedindo socorro para a vizinha.
A vizinha, que era espírita, aconselhou a mulher a pedir auxílio no centro espírita, pois só eles poderiam dizer o que estava acontecendo.
Depois desse dia, nada mais aconteceu e todos na família preferiram pensar de que se tratava de “alguma coisa inexplicável” e não procuraram ajuda no centro espírita, como a vizinha havia recomendado.
Mas a trégua dos espíritos brincalhões foi curta, e novas ocorrências deixaram a família, mais uma vez, em estado de pânico e desespero.
Em uma manhã fria de inverno, o pai saiu de casa e viu a bicicleta da filha mais velha passar-lhe por cima da cabeça, numa espécie de “vôo rasante”. Depois, espatifou-se no muro lateral da casa.
Em seguida, a mãe chegou gritando, pois os copos e os pratos estavam saindo do escorredor de louça e voando pela cozinha, caindo no chão e na pia e quebrando-se todos.
Em menos de 5 minutos, tudo ficou calmo novamente. A mulher, então, decidiu seguir o conselho da vizinha, conselho que havia sido dado meses atrás, e foi procurar orientação no centro espírita do bairro.
Ali, disseram a ela que os fenômenos se deviam a espíritos brincalhões, ou zombeteiros, que atuavam na casa, sendo que o agente causador era justamente a filha mais velha, que estava entrando na adolescência (naquela época, a adolescência começava por volta dos 13, 14 anos).
A mulher passou a freqüentar o centro. Semanas depois, os demais membros da família também aceitaram segui-la.
Com o passar dos meses, os fenômenos foram diminuindo e cessaram por completo. Mas isso só se deu mesmo quando a menina mais velha arrumou um namorado aos 15 anos de idade.
AUTOR: Bronca no Trombon
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