As pessoas com quem me relaciono sabem da minha condição de espírita, e muitas vezes fazem confusão com umbanda ou batuque. Batuque é como se chama aqui no Sul a religião de nação africana. O candomblé não é muito comum por aqui.
A confusão não me incomoda, embora não deixe de ser estranho o desconhecimento que a maioria das pessoas tem sobre as diferentes denominações. Muitos pensam que espírita larga despacho nas encruzilhadas, que acende vela, que toca tambor, que faz trabalho no cemitério. A confusão é grande.
Frequentei umbanda e batuque na infância e na adolescência. Conheci terreiros totalmente diferentes uns dos outros. Desde humildes cômodos de madeira caiada até grandes salões. Desde a chamada umbanda branca, com cânticos sem o uso de tambores, até sessão de exu, de uma energia pesada e de um barulho infernal.
Mencionei há pouco a umbanda branca. É um modo de distingui-la da umbanda misturada com nação, coisa muito comum por aqui. Acontece o mesmo com o espiritismo, que às vezes é denominado de espiritismo kardecista para diferenciá-lo da umbanda e de religiões africanas. E aqui chegamos num ponto sensível, pois nem os espíritas gostam de ser chamados de kardecistas, nem os umbandistas gostam que se diga umbanda branca. Os espíritas explicam que o termo “espírita” foi criado por Allan Kardec. Os umbandistas dizem que só existe uma umbanda.
O fato é que o conteúdo filosófico legado por Allan Kardec é seguido pela umbanda. As diferenças entre espiritismo e umbanda estão na forma exterior, já que a umbanda adota o uso de imagens, símbolos, pontos cantados e riscados, práticas que são evitadas no espiritismo.
Há anos venho lendo e sendo informado de que a umbanda vem passando por um profundo processo de mudança. Conheci um terreiro no início deste ano que segue as novas orientações do plano espiritual e pude notar o esforço em adotar uma doutrina própria. Talvez você não saiba, mas a umbanda teve início no espiritismo. E passou a denominar seus templos de “centro espírita” no tempo em que as religiões africanas ainda eram perseguidas pela polícia. Para evitar problemas, adotaram o nome de “centro espírita” ou “centro espírita de umbanda”. Nem sempre houve liberdade religiosa no Brasil…
Espiritismo e umbanda são religiões distintas, não há dúvida. Eu, particularmente, ainda não me convenci de que o espiritismo seja uma religião, mas aí já é outro assunto. Acredito que são duas correntes espirituais que se complementam harmoniosamente. É interessante observar que assim como quem não conhece o espiritismo confunde conceitos que para nós são muito claros, também há espíritas que fazem julgamentos sobre a umbanda sem nunca ter pisado num terreiro.
A espiritualidade responsável pela nossa orientação aqui na Terra certamente não faz essas distinções. O sectarismo é típico de mentes primárias, que ainda precisam se apegar ferrenhamente a algum rótulo ou título que lhe empreste alguma distinção. Você acha que um espírito superior a nós, empenhado em esclarecer e fazer o bem, vai dar alguma importância pra denominação religiosa? Vai perguntar se você é espírita, umbandista, católico, protestante, budista, muçulmano? Claro que não!
O espiritismo não é o único meio de salvação humana, e não existe dono da verdade. Mas voltando a pergunta lá de cima: Você acha que umbanda é espiritismo? Uma das definições de Allan Kardec dizia que “espírita é aquele que crê nas manifestações dos espíritos”.
AUTOR: "Espírito Imortal- Cinco minutos de espiritismo"
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