Muitas vezes a caridade é confundida com conveniência, medo de ir pro “inferno” ou ser exilado para outro planeta, em outros casos vaidade e orgulho. Muitas pessoas doam altas quantias financeiras, mas em muitas ocasiões é por mera conveniência, apenas porque outras pessoas do mesmo círculo social de amizades também o fazem ou simplesmente porque aquele dinheiro não fará falta alguma e servirá ainda para promover a “boa imagem” do doador. Sobre esse tipo de “caridade” Jesus explica bem na parábola do óbulo da viúva.
Existem ainda os “caridosos” temerosos de irem pro “inferno” (na tradicional concepção protestante e católica) ou de serem exilados para um mundo inferior (concepção de espíritas e espiritualistas). Os temerosos nesse caso doam como forma de estabelecer um pacto com Deus: doam, mas querem em troca ter a “salvação” o que obviamente não transforma a ajuda ou doação em algo sincero, mas simplesmente um ato sem qualquer sentimento e pior ainda: eivado de segundas intenções e de caráter egoísta por parte daquele que doa.
Por fim existe o “caridoso” vaidoso e orgulhoso, que se vangloria demonstrando ter o poder de “ajudar”. Esse, em verdade, pouco se importa com as necessidades de quem ajuda, mas sim de mostrar o seu poder em ajudar. Isso demonstra que nem sempre ao ajudarmos alguém estaremos realizando um ato de caridade.
Caridade engloba essencialmente fraternidade e empatia, ou seja, sentir naquele necessitado e suas necessidades como se fossem as nossas próprias necessidades, não julgando os possíveis equívocos que levaram a pessoa a essa situação, mas sim enxergando que esses erros podem ser os mesmos que nós já cometemos no passado ou iremos ainda cometer, algum dia, no futuro.
Quando um mendigo nos pede um dinheiro na rua, ou um prato de comida, ao darmos a ele, na maioria das vezes está se prestando um ato humanitário de ajuda, mas raramente um ato de caridade, de amor verdadeiro.
Muitas vezes uma pessoa dentro do seu carro dá um “trocado” pra se ver logo livre das “lamúrias” do pedinte ou até mesmo com medo de sofrer um assalto. Quantas vezes escutamos os problemas de algum colega ou alguém próximo sem o menor desejo de buscar ajudar esse colega a encontrar uma solução, mas sim “rezando” para que o “trololó” acabe logo?
Jesus esclarece na parábola do bom samaritano o que realmente é a caridade, o verdadeiro sentimento de fraternidade e misericórdia com o próximo. Hoje em dia quantas vezes passamos pelas ruas e vemos pessoas atiradas na sarjeta, por tristes problemas como as drogas ou o alcoolismo, ou simplesmente porque não tiveram a chance de um emprego ou de possuir uma melhor educação e carinho dentro do seio familiar? Quantas vezes ao passarmos por essas pessoas agimos como o bom samaritano? Ou simplesmente quantas vezes sentimos o mínimo de vontade sincera para prestar ajuda, de colaborar no reerguimento desse irmão falido?
Ajudar sempre que possível é o mínimo que todo ser humano deveria fazer, se esforçando para aproveitar cada oportunidade colocada por Deus diariamente no caminhar de cada um de nós. Entretanto, Ele espera muito mais; espera que consigamos a partir dessa ação de ajuda, despertar a chama do amor dentro de nós, a chama da verdadeira caridade, aquele sentimento libertador que deixa o homem mais próximo de Deus.
Jesus ensinou a caridade em todas as suas parábolas, e sendo a caridade a exteriorização do amor ao próximo em obras, podemos definir a caridade como:
Doação sincera, sem esperar nada em troca. Assim foi toda a vida de Jesus, uma doação de amor a todo gênero humano, aceitando com resignação todas as limitações daqueles que o receberam.
Perdão do fundo do coração, buscando harmonia e reconciliação, como na parábola do filho pródigo.
Fraternidade, como a viúva do óbulo, doando uma parte do pouco que possuía, realmente amando ao próximo como a si própria.
Misericórdia, como o bom samaritano que socorreu o homem atacado pelos ladrões sem desejar nada em troca, senão a plena recuperação daquele que apareceu em seu caminho.
Pureza, como as criancinhas buscando se aproximar de Jesus sem medo ou desconfiança, exemplificando o poder da fé.
Justiça, como na parábola da adúltera, quando os acusadores viram nas limitações e erros daquela mulher os seus próprios erros e limitações.
Confiança na providência e justiça divina, como na parábola onde Jesus fala dos lírios do campo e dos pássaros do céu, que vivem como manifestação da glória e amor divino perante os olhos do mundo.
Discernimento, para saber a hora certa de bater à porta e orar e vigiar para se lembrar sempre de entrar pela porta estreita.
Humildade para aceitar com coragem os desígnios de Deus, aceitar a própria cruz, se espelhando naquele que nada devia, mas aceitou sem murmurar o desprezo e a incompreensão daqueles que o puseram na cruz.
Nessa busca, o arrependimento é o primeiro ato na busca do despertar da caridade: quando nos arrependemos dos atos contrários a lei de amor ao próximo que praticamos. É o primeiro passo para tomarmos a consciência daquilo que precisa ser mudado, melhorado, na busca da reforma moral.
Não devemos confundir, porém, o arrependimento com o sentimento de culpa, pois a culpa cria uma vibração envolta em depressão e baixa autoestima e nos faz pensar muito mais no ato errado que praticamos ao invés de pensar numa nova forma de agir, sustentada na busca da serenidade, alegria de viver e, sobretudo, uma vontade firme de progredir moralmente, agindo melhor consigo mesmo e com o nosso próximo.
Por isso que na maioria das religiões cristãs o batismo do arrependimento ou simplesmente o arrependimento é visto como base fundamental para o nascimento do novo homem, aquele que descobriu o amor dentro de si mesmo. O caminho do despertar da caridade passa pelos 3 batismos mencionados na Bíblia: o do fogo, arrependimento e Espírito Santo ao percorrer esse caminho, o caminho da iluminação que leva a Verdade e a vida eterna (salvação), o homem finalmente encontra a divindade que sustenta a sua vida, encontra a verdadeira paz e a verdadeira felicidade.
AUTOR: PLANETA AZUL
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